O metaverso pode se tornar um território de exploração, criação e experimentação para o marketing e a publicidade

 

Desde o final de 2021, o metaverso tem dominado discussões a respeito dos rumos da internet. Depois que Mark Zuckerberg renomeou o Facebook como Meta, as buscas por termos relacionados cresceram mais de 7.200%. Empresas e marcas já estão de olho no potencial desse novo universo de interação, que também pode se tornar uma poderosa ferramenta de marketing.

Apenas no ano passado, empresas que tinham alguma relação com o metaverso obtiveram investimentos de bilhões de dólares. Um exemplo desse interesse do capital privado é a Epic Games, responsável pelo jogo Fortnite, que investiu 3 bilhões de dólares no metaverso e anunciou uma parceria com a Lego, para criar um espaço virtual voltado ao público infantil.

O valor de oportunidade, em termos globais, para criações e ativações nessa plataforma, muito em breve pode chegar à casa dos trilhões. Para atender às demandas do metaverso, no entanto, algumas regras do marketing e da publicidade possivelmente terão de ser reescritas.

 

Entendendo as possibilidades

Ainda não há um consenso sobre o que, exatamente, o metaverso abrange. A maioria das descrições dão conta de que se trata de um ambiente imersivo, que frequentemente (mas não necessariamente) utiliza tecnologias 3D, de realidade virtual e aumentada.

Recentemente, o empresário e investidor Matthew Ball, acrescentou à descrição o fato de que o metaverso está sempre “on” e existe em tempo real, abarcando os mundos virtual e físico, com múltiplas plataformas.

O fato é que esse universo de interação, repleto de possibilidades, permite que as pessoas criem identidades virtuais e realizem as mais diversas transações, de certa forma “construindo seu próprio mundo”.

Além disso, o metaverso já move uma economia virtual em pleno vapor, que utiliza – entre outras coisas – recursos como criptomoedas, bens e ativos digitais (por exemplo, NFTs, ou seja, tokens não fungíveis) para gerar oportunidades de negócios.

A melhor caracterização do metaverso talvez seja que ele se comporta como uma evolução da internet. É algo em que o usuário pode imergir, ao invés de apenas observar. E, como a promessa é de que os mundos digitais se tornem tão vastos quanto o mundo físico, para os profissionais do marketing e da publicidade isso representa novas formas de engajar consumidores.

O metaverso veio para ficar?

Muitos acreditam que o ceticismo de algumas pessoas com relação ao metaverso pode ser comparado aos questionamentos que se tinha nos anos 1990, sobre o futuro da internet. Toda revolução leva tempo para ser assimilada, mas especialistas apontam que essa nova forma de interagir digitalmente tende a ser cada vez mais adotada pelos usuários. Alguns dos motivos para acreditar na longevidade do metaverso:

Contínuos avanços tecnológicos – Para que o metaverso se torne mainstream, existem desafios técnicos a serem ultrapassados. Mas a tecnologia tem melhorado de forma constante e tende a permitir a existências de universos virtuais cada vez maiores. O armazenamento em nuvem, a capacidade de processamento, a renderização de gráficos, tudo tem sido aprimorado para facilitar esse aceso.

Investimentos gigantescos em infraestrutura – Em 2021, a Meta investiu 10 bilhões de dólares no metaverso. Outras empresas também têm destinado recursos a construir esse novo universo, incluindo plataformas de simulação e desenvolvedores de jogos.

Ampla gama de usos – Games já são um sucesso no metaverso, mas as possibilidades de utilização estão se expandindo para vendas imersivas, esportes, entretenimento e experiências educacionais. A aplicação das ferramentas para treinar profissionais e realizar negócios também é algo que deve ser cada vez mais explorado. Até mesmo órgãos governamentais estão experimentando o metaverso (por exemplo, a cidade de Seul, na Coreia do Sul, já anunciou sua entrada na plataforma).

Comércio on-line já é uma realidade – A divulgação e venda de produtos e serviços com estratégias omnichannel é algo comum na realidade em que vivemos. A maioria dos consumidores do metaverso já estão familiarizados com compras on-line. Além disso, mais de 40% da renda global no setor de games diz respeito a produtos virtuais. Ou seja, a transição desse comportamento de consumo para o metaverso não deve encontrar muitas barreiras, sendo ainda mais facilitada pelas criptomoedas.

Demografia favorável – Os consumidores mais velhos da Geração Z estão em seus 20 e poucos anos. Em pouco tempo, eles devem se tornar a força motriz da economia global. São pessoas que já estão acostumadas com mundos virtuais e transações feitas pela internet. E os jogos são a porta de entrada, para esse público: 67% dos 50 milhões de usuários do Roblox têm menos de 16 anos. Ou seja, é uma geração inteira de nativos do metaverso.

Engajamento e interação – O crescimento do poder de influência de criadores de conteúdo individuais é evidente, com um aumento de mais de 50% dos investimentos, nos últimos 5 anos, em plataformas como YouTube e Instagram. No metaverso, essa mudança favorece o compartilhamento de experiências inovadoras por criadores que são, também, usuários.

Mas o que terá de ser reinventado ou reformulado, no que diz respeito a campanhas publicitárias no metaverso? O que deve evoluir é a perspectiva das marcas, que precisarão criar campanhas e buscar parcerias que possibilitem aproveitar ao máximo as capacidades dessa plataforma. Também será essencial analisar dados e desenvolver estratégias abertas ao aprendizado, já que a experimentação e a adaptabilidade serão cruciais neste momento.